Cientistas vêm tentando aprimorar estudos sobre a combinação de imunizantes para testar  ainda mais a resposta imunológica do organismo contra o coronavírus. Embora os resultados das pesquisas sejam inconclusivos, estão cada vez mais positivos.

Voluntários que tomaram a primeira dose da AstraZeneca e a segunda da Pfizer/BioNTech para testar um estudo alemão, apresentaram uma resposta imunológica mais ampla, com produção de diferentes anticorpos e células de defesa. Isso em comparação a pessoas que receberam as duas aplicações com o produto da AstraZeneca.

Na Espanha utilizaram o mesmo método de testagem e a resposta foi igual. Porém, falat investigar se, na prática, essa ativação mais completa do sistema imunológico se reverteria em maior proteção, especialmente diante de variantes do Sars-CoV-2 (versões do vírus que acumularam certas mutações).

Com os britânicos, a resposta foi positiva para a combinação de vacinas AstraZeneca e Pfizer/BioNTech. Os participantes que a receberam inclusive apresentaram efeitos colaterais mais leves do que quem recorreu a duas doses do mesmo produto.

O imunologista e diretor superintendente de Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo, avalia que essa estratégia é promissora. “Durante a pandemia, foram desenvolvidas vacinas com plataformas diferentes, que são capazes de induzir melhor um ou outro tipo de resposta imune”, explica. “É provável que as combinações façam com que a pessoa vacinada tenha uma imunização mais completa. Até o final do ano teremos dados confiáveis”, projeta.

O surgimento constante de variantes do coronavírus e as altas taxas de infecção pelo mundo inclusive funcionam como estímulo para esquemas de vacinação com produtos diversos. “Isso acontecerá mais cedo ou mais tarde, como alternativa aos métodos propostos hoje, ou até como tratamento principal”, afirma Rizzo.

As vacinas da Pfizer e da AstraZeneca têm sido testadas em conjunto com frequência porque possuem métodos distintos para gerar uma resposta imune contra o Sars-CoV-2. A primeira usa a tecnologia de mRNA, que introduz um pedaço do código genético do vírus, instigando o sistema imunológico a criar defesas contra o agente infeccioso em si. Já a segunda se baseia em um vetor viral: um adenovírus modificado geneticamente para não gerar estragos carrega uma proteína do coronavírus, que também estimula a resposta imune.