O presidente da República Jair Bolsonaro, em sua tradicional live, comentou sobre o aumento de 69% dos salários de ministros e militares. A fala sobre o tema foi uma tentativa de justificar o aumento de seu próprio salário, que segundo ele foi tomada somente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu ganhava R$ 23 mil líquidos desde que entrei na presidência. Com uma decisão do STF, falando sobre acúmulo de aposentadorias com rendimentos de atividades, eu passei a ter direito, além do salário de presidente, que se não me engano é R$ 33 mil bruto, mais R$ 12 mil (de aposentadoria) do Exército, R$ 45 mil bruto. Então, devo passar, descontando tudo, pra R$ 32 mil. Aumentou R$ 5 mil no meu salário”, disse Jair Bolsonaro.

O comentário do presidente acaba por apresentar números que não batem, pois se ele ganhava R$ 23 mil líquidos e passará a ganhar R$ 32 mil, o aumento seria de R$ 9 mil – e não de R$ 5 mil.

Além dos cálculos errados, Jair Bolsonaro também não esclarece em momento algum sobre a origem da decisão que levou aos reajustes de salário dele, de militares e ministros. Isso porque mesmo ele afirmando que o aumento foi uma decisão do STF, a portaria publicada em 30 de abril pela Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal do Ministério da Economia diz que esses reajustes partem de uma interpretação da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre decisões do STF e do Tribunal de Contas da União (TCU).

Com os ganhos proporcionados de até 69%, os pagamentos para estes grupos podem ultrapassar R$ 66 mil. Além de Jair Bolsonaro, outros beneficiados são o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros, militares e um grupo restrito de cerca de mil servidores federais.