Compositor que se intitulava autodidata de música das mais de 350 músicas, fez questão de compor uma canção para cada neto ou neta que nascia, José Carlos Portilho foi responsável por revelar grandes talentos no Festival de Parintins, entre eles, os levantadores de toadas Arlindo Júnior e David Assayag

O compositor parintinense José Carlos Portilho morreu vítima de covid-19, na noite desta sexta-feira (16). A informação foi divulgada pelos familiares do artista.

De acordo com a família, ele estava internado em um hospital de São Paulo para tratamento contra a Covid-19, infelizmente não resistiu e foi à óbito.

José Carlos Portilho, o ‘Periquito’ como era chamado pelos mais íntimos, foi reconhecido por várias músicas que escreveram a história do Boi Bumbá azul e branco: canções como ‘Navegante da Vida’, ‘Luz, Mistério e Magia’ e ‘Grito de Alerta’ marcaram a festa dos amazonenses.

O artista era morador tradicional da rua Sá Peixoto, reduto do Boi Caprichoso em Parintins, e foi produtor musical com o grupo Sangue Azul, gravava as toadas na sua casa.

José Carlos compôs sua primeira música ‘Quem somos nós’ aos 13 anos de idade.

Ele adorava cantar músicas italianas, aprendeu escutando a Rádio Alvorada-AM, de Parintins, que tocava vários sucessos italianos. Depois aprendeu a cantar em italiano com os missionários e padres do PIME.

Também fez músicas MPB, forró, xote, bolero, brega, romântica e baião. Em 1986 concorreu no Festival da Canção de Parintins com a música ‘Amigos do Peito’, considerada sucesso em todo o baixo Amazonas e Manaus.

A canção Amigos do Peito foi executada e pedida para gravar pelos ‘Trapalhões’, em 1988, grupo que formado por Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, que estiveram em Parintins.

O padre Zezinho também tocou e cantou ‘Amigos do Peito’ no encerramento do Sínodo dos Bispos do Brasil em Itaici, em 1990.

A família ainda não deu detalhes do velório do artista, mas, provavelmente seu corpo será sepultado no cemitério de Parintins.

LUTO

Em uma de suas páginas do Facebook, o Boi Bumbá azul e branco escreveu uma homenagem, que iniciou com a letra de uma de suas composições que diz:

“Amigos que se consideram, no peito tem sempre um lugar, se partem, se ficam, se esperam, nem o tempo consegue apagar…” José Carlos Portilho – 1986

Nosso amigo do peito José Carlos Portilho nos deixou hoje. Partiu levando consigo os acordes generosos do seu violão e os versos de sua poesia cabocla imortalizada os versos das toadas e canções amazônicas.

A colaboração de José Carlos Portilho para a musica em Parintins, vai muito além da toada de boi, expressão musical da qual se tornou referÊncia na década de 80, pelo boi Caprichoso, o boi de sua predileção. Portilho também participou com louvor dos festivais da canção, alcançando sempre boas classificações com suas musicas.

Foi um incentivador da musica, dos novos talentos que ele sempre recebia e acolhia nas visitas que recebia em sua chácara. Local que serviu muitas vezes para a gravação das fitas com as toadas oficiais. Vai deixar saudade, assim como as histórias engraçadas que ele sempre contava. Portilho é o nosso amigo do peito.

Gigante em sua existência, imortal em sua obra, mais um querido que se despede em sua trajetória para ser imortalizado entre as estrelas desse nosso universo Caprichoso. Sim, ele “faz parte da história e da memória de um povo, que brinca de boi, que dança, brinca e ama a cultura popular.