O senador Eduardo Braga (PPS), foi um dos principais citados na Operação Albatroz deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 2004, responsável pelo desmascaramento de um esquema na Comissão Geral de Licitação do Estado do Amazonas (CGL-AM).

À época, a Polícia Federal cumpriu 32 mandados de busca e apreensão e 20 mandados de prisão temporária contra membros da organização criminosa que atuava na fraude de licitações públicas no Amazonas. O montante desviado era estimado em mais de R$ 500 milhões.

A Albatroz que é tida, até hoje, como uma das maiores operações desencadeadas no Brasil, estourou em março de 2002, no governo de Amazonino Mendes, que durou de 1995 a 2002, e contabilizou diversas polêmicas.

Inicialmente, o objetivo era investigar o deputado estadual Antônio Cordeiro, suspeito de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e sonegação fiscal. Entretanto, as investigações apontaram para o alto escalão do governo, quando, em junho de 2003, já na gestão de Eduardo Braga, a PF descobriu que secretários e executivos do atual governo eram os responsáveis pelas licitações dirigidas às empresas de Cordeiro.

O relatório da operação feito pela PF afirmou à época que “não é plausível que o governador Eduardo Braga não tenha conhecimento da farra com dinheiro público que é patrocinada pela CGL [Comissão Geral de Licitação]”.
O documento de 1.408 páginas, registra ainda que “diversas citações atribuem a ele [Braga] o comando destes abusos”.

Mais de 20 pessoas foram indiciadas na Operação Albatroz, sendo nove delas, ligadas ao ex-governador Eduardo Braga.

Isper Abrahim Lima (ex- secretário da Fazenda), Fernando Elias Prestes Gonçalves (Infra-Estrutura), Fernando Elias Prestes Gonçalves (presidente da CGL) e João Gomes Vilela (presidente da CGL), foram indiciados como envolvidos no esquema. O ex-secretário de Infra-Estrutura e da Casa Civil Bosco Saraiva e Ari Moutinho, o ex-secretário de Fazenda Alfredo Paes dos Santos, que também foi secretário de 1996 a 2003, nas gestões de Amazonino e Braga, também foram apontados como principais envolvidos.

Um dos “cabeças” do esquema, Bosco Saraiva (PPS), ligado à Amazonino Mendes, concorria à época ao cargo de vice-prefeito de Manaus, ele que já havia sido secretário de Obras do governo Eduardo Braga. O outro indiciado, Ari Moutinho, era um dos homens fortes de Braga. O governador teria outros nomes de suas relações ligados ao escândalo. No dia 25, a PF intimou seu motorista particular por mais de 20 anos, Ubiracy Bezerra de Araújo, o Bira. No dia 26 de agosto, foi indiciado o secretário de Fazenda do Amazonas, Isper Abrahim Lima.

No dia 26 de agosto, a Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade, a instauração do processo de investigação do possível envolvimento do deputado Antônio Cordeiro nos crimes investigados pela Operação Albatroz.

Após o julgamento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), em Brasília, por crimes contra a ordem tributária e econômica (Lei nº 8.137/90), contra o sistema financeiro nacional (Lei nº 7.492/86) e por contrabando, conforme dita o artigo 334 do Código Penal Brasileiro (CPB). A Justiça do Amazonas foi responsável pela condenação de dez pessoas envolvidas na operação.

Os réus que obtiveram a maior punição foram o ex-deputado estadual Antônio do Nascimento Cordeiro e a esposa dele, Ednéia de Alencar Ribeiro, condenados a mais de 36 e 31 anos, respectivamente.

O deputado Cordeiro teve o seu mandato cassado e, os secretários Isper Abrahim, Ari Moutinho, Bosco Saraiva foram absolvidos pela justiça estadual.

As 1.260 páginas do relatório da Operação Albatroz, deflagrada pela Polícia Federal em 2004, após dois anos de ampla investigação, não foram suficientes à justiça, para que o Governador do Amazonas, à época, Eduardo Braga, respondesse pelos crimes, mesmo embora ele tenha sido um dos mais citados durante as investigações sobre o esquema fraudulento que saqueou os cofres públicos do estado do Amazonas. Para os opositores políticos de Eduardo Braga, a hora dele ainda vai chegar.