Entidades do comércio reagiram com críticas à decisão do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de adotar a fase vermelha do Plano SP (lockdown) em todo o estado.

A Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) prevê perda média de R$ 11 bilhões no mês. Para a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), “é impossível que negócios se mantenham de pé”. A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) prevê “desespero a mais para os lojistas”.

A medida imposta por Doria entra em vigor a partir de sábado (6) e vale até 19 de março, para tentar “conter o avanço da pandemia de covid-19”. Nos 14 dias de restrição, somente os serviços essenciais como saúde, alimentação e segurança poderão funcionar.

“A cada dois dias, enfrenta-se uma mudança de posicionamento. É impossível que negócios se mantenham de pé em um cenário desses, no qual falta planejamento e transparência”, diz em nota a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).

A associação critica o que considera um ambiente de incertezas, gerado pelo governo. “É cruel deixar que bares e restaurantes amarguem sozinhos os prejuízos de mais um fechamento. O que temos pedido incansavelmente ao governador Doria é respeito e justiça”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel. Ele comenta que o aumento no ICMS do setor e dos impostos sobre insumos essenciais vão contra medidas que estão sendo feitas ao redor do mundo.

“Precisamos de ajuda, real e rápida, em São Paulo. Há condições plenas para que isso aconteça. O que parece faltar é vontade”.

Já a Fecomercio-SP calcula que a mudança gerará uma perda média no mês da ordem de R$ 11 bilhões. Segundo a entidade, a cifra se assemelha aos impactos mensurados de recuo médio mensal de abril e maio do ano passado. Só na capital, a estimativa da Fecomercio-SP é de uma perda média de R$ 6 bilhões no mês em medição.

O problema maior da reinstalação da Fase Vermelha, que restringe a atividade de setores considerados não essenciais, na visão da FecomercioSP, é que ela não terá a eficácia almejada se não for acompanhada por uma fiscalização constante e intensiva das irregularidades e atividades clandestinas.

Para a FecomercioSP, o comércio formal não é responsável pela proliferação do novo coronavírus, já que a flexibilização das regras de funcionamento desse setor existe desde agosto em diversas regiões do Estado.

A Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) publicou um comunicado à imprensa afirmando que vê com “grande pesar” a mudança, e  cobrou o governo a adotar outras medidas contra a pandemia.

“O poder público deveria, desde o começo, voltar sua atenção em manter hospitais de campanha, aumentar a testagem, reforçar a oferta de transporte público entre outras medidas, e o que estamos vendo é justamente o contrário”, afirmou o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. “Sabemos que todos os setores estão sendo prejudicados e que precisamos nos unir para vencer esse vírus”.

Ele observou que, mesmo com os protocolos de segurança e higiene adotados pela maioria dos lojistas durante a pandemia, a nova restrição vai prejudicar o comércio e os empregos em geral. “O setor já tem sido prejudicado neste último ano, desde o começo da quarentena”, declarou o presidente.

“Serão mais duas semanas de comércio fechado, um desespero a mais para os lojistas que estão vivendo dia após dia nesta incerteza. E isso tudo após a aplicação de protocolos de saúde. Tememos pela aceleração do desemprego, principalmente de pequenos lojistas que representam 70% do total dentro de um shopping”.

As lojas de shoppings poderão funcionar somente de forma drive thru, para compras feitas em apps e lojas online, mediante horários agendados e a organização de cada empreendimento. Supermercados dentro dos empreendimentos também poderão funcionar.

Fonte: Gazeta Brasil