Um número considerável de pacientes relata a conduta quase criminosa de médicos infectologistas que se aproveitam da vulnerabilidade de pessoas infectadas para obter lucro, vendendo falsas esperanças, medicando remédios sem comprovação científica e cobrando valores exorbitantes por uma simples consulta.

Esse é o caso do Dr. João Hugo, infectologista, que atua em Manaus na rede privada de saúde. Ficou conhecido por indicar o tratamento para a Covid-19 a empresários, apresentadores de televisão locais, e pessoas com alto poder aquisitivo.

Um paciente que preferiu não se identificar, relatou que se consultou com Dr. João, em domicilio, e pagou na consulta R$3.000. Segundo o paciente, após o diagnóstico, o médico indicou um antigripal e, logo o seu quadro se agravou. Os medicamentos não surtiram o efeito esperado. Com isso, o médico o induziu a montar uma estrutura para receber um tratamento mais intensivo em casa.

“Esse Dr. João Hugo queria que eu montasse o homecare e pagasse os profissionais indicados por ele. O que eu percebi, que ele queria me prender em casa, dizendo que meu organismo deveria reagir sozinho contra o COVID-19, sendo que nem antibiótico ele passou”, relatou o paciente, revoltado.

Divergindo de outros especialistas, o Dr. João Hugo prescreveu para o tratamento de pacientes com comorbidades, em modalidade homecare, medicamentos via oral, e, segundo o paciente, sem antibióticos.

Sem apresentar melhoras, o paciente se dirigiu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Campos Sales, zona oeste de Manaus, onde foi internado, para iniciar outro tratamento e, com a assistência necessária, conseguiu ficar curado.

“O Dr. João disse que meu corpo deveria reagir por si só ao vírus. Achei um absurdo, pois, paguei caro na consulta em domicílio, fiquei tomando pílulas em casa, para nada”, relatou o paciente.

Um outro caso envolvendo o mesmo médico, foi de um empresário que perdeu a mãe para a Covid. Conforme o relato, o infectologista, Dr. João Hugo indicou o atendimento sem sair de casa, segundo ele, era a melhor alternativa para uma boa recuperação da idosa.

“ O médico fez uma teleconsulta, cobrando um valor muito acima do valor de mercado, se aproveitando da minha fragilidade e indicou o tratamento com a estrutura de homecare, toda oferecida pela equipe médica dele mesmo”, relatou o empresário.

A paciente contemplava estágio crítico mais grave da doença, apresentando febre, saturação de oxigênio alterada, assim como a frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial. Segundo o protocolo médico seguido pela maioria dos especialistas, era considerada uma paciente de risco e, necessitava de toda uma infraestrutura para o tratamento, além de atendimento especializado e medicação intravenosa. Mas, segundo o empresário, não foi assim que ocorreu com a mãe.

“ O Dr. João Hugo montou a estrutura de homecare, que ele mesmo fornecia, mas não prescreveu os medicamentos corretos para a minha mãe, pois, indicou medicamentos de via oral e sem antibióticos para combater a infecção pulmonar”, relatou o empresário.
Dr. João está sendo denunciado por outros ex-pacientes que se sentiram lesados com o tratamento indicado pelo profissional.

O mesmo médico também é apontado como o responsável por um mercado negro de equipamentos. Onde cobra um alto valor em cilindros de oxigênio, cama hospitalar e outros equipamentos de homecare.

O suposto médico, tem sido chamado de “charlatão” na capital amazonense e, pelo auto número de óbitos entre seus pacientes, saiu de cena.

Procurado pela reportagem, ele não quis se pronunciar sobre as acusações.

Outro paciente com diagnóstico de Covid que também repudia a conduta médica de profissionais em Manaus é Rodolfo Caldas, de 46 anos. Ele relatou sobre a conduta semelhante de uma médica infectologista, que, ao diagnosticar o paciente, não prescreve medicamentos, e informa ao paciente que espere o próprio corpo reagir à infecção e, caso venha piorar, ela intervirá com o pedido de internação. 

“Nos primeiros sintomas fiz uma consulta com a infectologista, Dra. Isabella Safe, que atende no Instituto Tropical de Manaus, e, para minha surpresa, ela não indicou nada, pediu para eu ficar em casa e esperar o décimo dia, caso eu ficasse pior, ela iria pedir minha internação”, relatou o paciente.

Rodolfo optou por consultar outro especialista, que indicou antibióticos e outros procedimentos, que, segundo o paciente, o ajudou a ficar curado da Covid-19.

Ainda sobre médicos e pandemia, alguns profissionais da saúde, se destacam, por usar um protocolo mais eficaz contra a doença.

Como é o caso do Dr. Ewerton Campos Wanderley, 46 anos, especialista em clínica médica e medicina do trabalho há 24 anos. Atua nas redes pública e privada e, desde o início da pandemia, trabalha na linha de frente contra a Covid-19.  Com o aumento de internações nos hospitais, o profissional, passou a fazer atendimentos particulares e por meio de exame clínico, exame de imagem e laboratorial indica uma prescrição diferenciada para cada paciente. É adepto ao tratamento com o uso de corticoides, anticoagulantes e antibióticos. Mas, como ele próprio diz, não como receita de bolo.

“Prescrevo sim, mas não como receita de bolo. Exame clínico, exame de imagem e laboratorial são importantes. Um exemplo, a azitromicina pela prescrição maciça desde o ano passado, acredito em resistência bacteriana em alguns casos. Lembrando que devemos estar atentos para as complicações da Covid-19, que a resposta é imunológica, uns reagem mais intensamente outros não, as complicações são oriundas das respostas imunológicas.

O profissional destaca que as medicações prescritas não são para tratar o vírus e sim para tratar as complicações.

Dr. Ewerton também é favorável ao tratamento precoce com o uso de medicamentos como Azitromicina e Invermectina.

“Sou favorável, o vírus é maldito, em 24 horas muda repentinamente o quadro clínico, como disse, a resposta imunológica pode ser intensa em poucas horas. Vi pacientes hígidos que em 24 horas já apresentavam alteração do quadro clínico para pior”, destaca o médico.

Segundo informações do médico, entre os pacientes que receberam o tratamento indicado por ele, uma média de 80% teve respostas positivas e foram curados da Covid-19. Todos foram tratados em domicílio e o paciente não precisou ir para ambiente hospitalar, respeitando os parâmetros clínicos apresenta.