Um soro para tratamento da Covid-19 desenvolvido no Brasil pode estar disponível a pacientes da doença antes do meio deste ano. A informação foi publicada pelo O Estadão nesta sexta-feira (29).

O medicamento depende apenas da aprovação da Anvisa para começar os testes em humanos. Desenvolvido a partir do plasma de cavalos, o soro apresenta anticorpos neutralizantes contra o novo coronavírus até 150 vezes mais potentes do que os presentes em pessoas que tiveram a covid-19.

O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio (Faperj) Jerson Lima Silva, que participou do desenvolvimento do soro, no entanto, afirmou que “por melhor que seja, não é milagre”.

“Sabemos que, mesmo com todo o otimismo, só teremos de 60% a 70% da população imunizada no final do ano. O ideal seria que já estivéssemos agora tratando as pessoas com o soro”, continuou.

O princípio do soro pesquisado se baseia no uso de anticorpos obtidos em cavalos infectados com a covid-19 para oferecer mais mecanismos de defesa aos pacientes. Os anticorpos obtidos dos animais são purificados antes de serem injetados em pacientes.

O trabalho começou em maio de 2020, quando 5 cavalos do IVB (Instituto Vital Brazil), laboratório do governo do Estado do Rio de Janeiro, foram inoculados com uma proteína S (proteína spike) recombinante do coronavírus produzida na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Após 70 dias, os plasmas dos cavalos apresentaram os anticorpos muito mais potentes do que os produzidos naturalmente. O soro brasileiro será testado, inicialmente, em 41 pessoas em estudo que tem previsão de durar 3 meses.

Serão avaliadas reações adversas, tempo de internação, curva de redução da infecção pelo Sars-CoV-2, número de pacientes que necessitarão de intubação e mortalidade, entre outros aspectos. A realização da pesquisa clínica foi aprovada pelo Conep (Conselho Nacional de Ética em Pesquisas).

Integrante do grupo que estuda o soro, a pesquisadora Leda Castilho afirmou que é possível produzir uma grande quantidade do medicamento em pouco tempo.

“Diante da inexistência de terapias específicas para a doença, os anticorpos de cavalos produzidos pelo IVB são uma grande esperança de tratamento possível e específico para a covid-19”, disse Castilho.

Fonte: Gazeta Brasil