Alerta de explosão no quadro de mortes pela Covid-19 em Manaus no próximo mês, preocupa o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia. Ele diz que estão ocorrendo os mesmos erros quando a cidade registrou os maiores picos da doença.

“Lamento por minha franqueza, a mesma que tem incomodado e gerado diferentes reações dentro e fora do Amazonas, mas parece que estamos repetindo os mesmos erros da primeira onda”, disse o pesquisador em mais um de seus alertas.

O especialista pressupõe que a falta de intervenção imediata contra a explosão da curva viral (Natal e Ano-Novo), irá saturar a rede hospitalar e disparar o número de óbitos.

“Janeiro quebrará o recorde de mortes por Covid-19 durante a segunda onda em Manaus. Uma pena, pois alertamos incansavelmente a imprensa, o cidadão comum, os trabalhadores de saúde, autoridades sanitárias e os órgãos de controle de dentro e fora do Amazonas”, lamentou.

“O caso é que agora é tarde e só nos resta contar mortos e evitar que a tragédia se estenda, em patamares de calamidade sanitária, até fevereiro”, completou.

A montagem de tendas que voltou para as entradas dos hospitais é um sinal da “volumosa demanda” reprimida que não pode ser absorvida pela rede hospitalar.

“Essa medida escancara a falta de condições prévias e atuais das unidades de saúde em organizarem de forma segura o atendimento a pacientes suspeitos de Covid-19, igualzinho ao que vimos em abril/maio”, lembrou.

Na sua avaliação, outro indicativo de caos é o aumento da ocupação nos leitos clínicos e de UTIs, que se agravaram nos dois últimos dias.
“Portanto, isto reforça o prognóstico de que qualquer medida que seja tomada depois do Ano-Novo será tardia e apenas evitará o aprofundamento do já caótico quadro sanitário de Manaus”, diz.

E concluiu: “É mais ou menos como chamar o corpo de bombeiros para atender um chamado depois que o local está tomado pelas chamas e desmoronando”.