Brasil – Uma menina de oito, com nanismo, teve a conta banida na plataforma TikTok após ser vítima de ataques preconceituosos dos usuários da rede. Isso aconteceu em pleno Natal. A pequena Luiza Vitória Rocha, que possui um tipo raro de nanismo, o diastrófico, tinha mais de 400 seguidores e sempre postava vídeos de dancinhas na plataforma. Mas um vídeo da garota dançando viralizou – com mais de duas mil visualizações – e gerou uma onda com centenas de comentários maldosos debochando da condição física da garota.

“Assim que ela me mostrou, eu vi que ela chegou a responder alguns falando que estava ficando triste. Tinha gente que pedia para eles pararem, mas 90% eram palavras agressivas”, lembra a jornalista Gisele Rocha, 33 anos, mãe de Luiza, moradoras da Chatuba, em Mesquita, Baixada Fluminense. Ela fez um Boletim de Ocorrência e divulgou nas redes sociais. “Menor de oito anos é agredida verbalmente, vítima de preconceito por ter uma deficiência “nanismo”, na plataforma TikTok. Comentários maldosos e debochados pelo fato de ser deficiente”, diz um trecho do documento.

Gisele imediatamente começou a denunciar os usuários para a plataforma. Foi respondendo um a um na medida do possível, quando para a surpresa dela, não demorou muito para que a conta dela, usada pela filha, fosse banida.”Eu estava respondendo com ‘qual o problema dela ser anã?’ e algumas pessoas até me respondiam de volta.

Mas do nada, o TikTok excluiu a conta. Sei que ações repetidas levam ao bloqueio, o que me deixa chateada é que a plataforma não quis saber que essas pessoas eram denunciadas por discurso de ódio, ataque, simplesmente nos baniram. Os agressores continuam lá e usam a plataforma”, lamenta a jornalista. “A gente não pode deixar isso ficar impune. Se deixarmos para lá isso sempre vai acontecer. Precisamos mostrar para as pessoas. Infelizmente é mostrando atitudes ruins que conseguimos conscientizar as pessoas”, completa.

A conta da família tinha mais de 400 seguidores e era um dos passatempos favoritos da pequena Luiza Vitória para postar os vídeos dela de dancinha. “Eu não queria mais usar. Desinstalei o aplicativo e não fiz outra coisa. Mas o apoio que estamos recebendo mostrou que a culpa não é da Luiza. Não posso excluí-la disso. O problema não é dela, mas as pessoas que têm que mudar. O que mais ficou mal é o fato de não ter mais a conta com os vídeos dela”, lamenta Gisele.

Questionada sobre como está a filha após todo o episódio, Gisele explica que a menina é uma criança que sabe o que acontece porque lê. “Antes de me mostrar, ela leu os comentários. Tanto que me disse: ‘tem gente falando que sou linda e fofa’. Tento sempre mostrar para ela que ela precisa lidar com a deficiência dela. Só que a gente não tinha passado por uma ação tão explícita”, afirma Gisele.

“Ela (Luiza Vitória) não sabe o quanto repercutiu. Ela ficou muito triste por não usar mais o TikTok. Por ela ser criança, eu consigo reverter as agressões. Não sei o que ela sente por dentro lendo aquilo. As mensagens ali mostravam que ser anão, ter deficiência, é algo ruim. Isso pode trazer um trauma grande para ela. Mas quando é criança, a gente reverte. Adolescente ou adulto é mais difícil. A minha filha até lembra desse episódio, mas ela é tão de luz que conseguiu ver o lado bom das coisas. Ela fala: ‘muita gente falando que eu era linda’. Graças a Deus estamos recebendo muitos comentários de apoio e isso tem ajudado”, frisa a mãe de Luiza Vitória.

Fonte: Meia Hora