A mobilização do governo pela votação em regime de urgência do projeto conhecido como BR do Mar, que amplia o transporte de carga por navio entre os portos brasileiros, a chamada navegação de cabotagem foi um dos motivos para que os caminhoneiros que apoiavam Bolsonaro se decepcionassem. A categoria foi uma das que mais manifestou apoio à campanha do atual presidente em 2018. A proposta foi aprovada nesta segunda feira (07).

Até houve negociação para a inclusão de duas emendas que amenizariam os efeitos do projeto sobre os motoristas, mas acabou sendo ignorada.

Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), grande apoiador de Jair Bolsonaro, hoje lamenta:“Bolsonaro nos traiu”, “Sinto como se tivesse corrido atrás de um balão apagado”. E segundo ele:

“O Ministério da Infraestrutura não tem um estudo de impacto social e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem uma nota técnica que mostra concentração de mercado”.

“Quem vai fazer a contratação de frete terrestre vai ser o armador e isso prejudica muito os caminhoneiros”

“A gente fez campanha para o presidente, nós colocamos faixa nos caminhões, pintamos lona, fizemos camiseta, um trabalho gratuito”. “Mas percebemos que tudo o que beneficia os caminhoneiros não tem caráter de urgência, enquanto o que é bom para os grandes empresários tem prioridade”

O líder caminhoneiro diz que começa a partir de agora a articulação para que haja alguma resposta da categoria a nível nacional. Ele chegou a enviar um vídeo explicativo aos associados e pretende visitar os estados para explicar a situação. Mas ressalva que os motoristas é que vão decidir se vai haver ou não mobilização. A Abrava congrega 30 mil profissionais em todo o país.