Amazonas – A CPI da Saúde se tornou praticamente uma tábua de salvação eleitoreira para muitos deputados estaduais. Diante dos holofotes, os parlamentares que compõem a Comissão investigaram conforme interesses particulares e de grupos políticos. Além disso, simplesmente ignoraram as práticas suspeitas dos Governos anteriores, a principal exigência para a instalação da CPI na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-AM).

Apenas no Governo tampão de Amazonino Mendes, agora candidato a prefeito de Manaus, a rede estadual de Saúde amargou um rombo de R$ 1,1 bilhão. Amazonino deixou o Governo em 2018 devendo meses a empresas médicas, terceirizados, além de tornar o pagamento indenizatório de fornecedores (sem contrato) praticamente uma regra no Estado. A CPI fugiu de investigar o ex-governador.

Após três meses de CPI, os integrantes da Comissão, parte oposição à administração estadual, agora querem que o trabalho se estenda por mais dois meses, justamente em um período que a Assembleia Legislativa começa a ser esvaziada em decorrência das eleições deste ano.

A eleição, em novembro, é municipal, mas há deputado candidato a prefeito, como Ricardo Nicolau, em Manaus; e Augusto Ferraz, no município Iranduba. Wilker Barreto, integrante da CPI da Saúde e um dos mais interessados na prorrogação do funcionamento da Comissão, é candidato a vice-prefeito, na chapa encabeçada por Amazonino.

Nos últimos dias, Josué Neto é um dos mais afoitos à subir no palco da CPI. Após se ver isolado e não conquistar um apoio sequer para se lançar candidato a prefeito da Capital amazonense, Josué tenta surfar na marola da CPI. A agonia dele ganha contornos dramáticos porque no final deste ano, perde a presidência da Casa legislativa, cargo que utilizou para ganhar dividendos políticos, sem sucesso.

Nos bastidores, Josué Neto tenta persuadir colegas de parlamento. Após dias ausente, quer presidir a sessão plenária da próxima terça-feira, dia 29, para forçar a votação da prorrogação da CPI. Entre os pares, o presidente da ALE é conhecido como ‘’gazeteiro de plenário’’. Dificilmente preside uma sessão desde o início.

Vale lembrar que a CPI não sai de graça à população. Para funcionar, movimenta técnicos, assessores, toda infraestrutura da Assembleia necessária às audiências, pagas com dinheiro público.