Manaus – A Empresa de Jornais A Crítica demitiu seis jornalistas na manhã desta quinta-feira (10/9), que aderiram à greve por conta de salários atrasados, não pagamento de férias e não recolhimento de FGTS, além de outros direitos trabalhistas, um dia após admitir o passivo trabalhista de R$ 2,5 milhões diante do Ministério Público do Trabalho (MPT). Em audiência realizada na quarta-feira (09/9), a empresa não apenas admitiu a dívida bem como concordou em direcionar o valor que tem a receber da Prefeitura de Manaus para o pagamento dos trabalhadores.

Apesar de não pagarem o salário dos funcionários – que ainda estão com o mês de julho e agosto em aberto – a empresa iniciou a contratação de freelancers para substituir os jornalistas em greve no fechamento da edição diária do Jornal A Crítica, Manaus Hoje e Portal A Crítica.

Além disso, mantiveram a prática de coação e constrangimento para retorno ao trabalho, o que fere o artigo 6º, parágrafo 2º da Lei de Greve (nº 7.783, de 28 de junho de 1989), “é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento”.

Durante a audiência, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJPAM) apresentou proposta de acordo à empresa, mantendo a abertura do diálogo e da negociação, além de manter 30% da mão de obra trabalhando, em uma demonstração de boa vontade dos profissionais para com a empresa. No entanto, a direção da empresa se negou a fechar acordo e começou a demitir os grevistas, inclusive o delegado de redação, representante dos trabalhadores na direção do sindicato.

A Crítica também se nega ainda a regularização dos profissionais freelancers que prestam serviço sem quaisquer direitos trabalhistas há mais de ano, cumprindo horário de trabalho e escala, em uma clara demonstração de violação da legislação trabalhista.

Hoje, no quarto dia de greve, os jornalistas permanecem mobilizados, agora com a paralisação total dos trabalhadores. Nesta sexta-feira (11/9), haverá nova rodada de negociação mediada pelo MPT, com a presença do Sindicato dos Gráficos, categoria que também tem salários em atraso.

Confira cronograma da greve 

Quarta-feira (02.09) – Funcionários comunicam informalmente a direção da empresa a decisão da maioria dos funcionários de paralisação das atividades

Quinta-feira (03.09) – Por conta das restrições impostas pela pandemia de Covid-9, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJPAM) instaura estado de assembléia permanente por meio de grupo de WhatsApp, com reuniões diárias e onde todas as decisões são tomadas pelo coletivo.

Sexta-feira (04.09) – Diante das discussões e da decisão pela paralisação das atividades por tempo indeterminado, tomada pela maioria, o SJPAM encaminha comunicado de greve à direção da empresa.

No mesmo dia, a direção propôs a suspensão da greve até a quinta-feira, 10.09, quando seriam apresentados os dados de despesa e receita da empresa para ciência dos empregados e construção de um calendário de pagamentos.  Funcionários rejeitam proposta, por maioria, uma vez que é o mesmo argumento que vem sendo utilizado há anos pela empresa que descumpre constantemente os prazos estabelecidos por ela mesma.

Segunda-feira (07.09) – Greve inicia mantendo o quantitativo de 30% da mão de obra plantonista do feriado trabalhando, conforme prevê a legislação.

Terça-feira (08.09) – Empresa confessa dívidas e realiza constrangimento de empregados paralisados

Quarta-feira (09.09) – A Crítica não aceita proposta de acordo enviada pelos trabalhadores por meio do SJPAM em reunião mediada pelo MPT.

Quinta-feira (10.09) – Após assumir a existência da dívida trabalhista, empresa demite seis jornalistas do seu quadro funcional.

Fonte: Fenaj