O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 9,7% no segundo trimestre deste ano e entrou em recessão técnica — quando há queda em dois trimestres seguidos. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (1º/9) pelo IBGE.

Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a queda é maior ainda, de 11,4%. Esse é o maior tombo para três meses de toda a série histórica, iniciada em 1996.

Em valores correntes, o PIB — a soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil — somou R$ 1,653 trilhão de abril a junho. No primeiro semestre do ano, a economia acumulou queda de 5,9%.

Dessa maneira, o PIB está no mesmo patamar do fim de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia americana, iniciada no mercado imobiliário.

“Esses resultados referem-se ao auge do isolamento social, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisadas para enfrentamento da pandemia”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

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A recessão ocorre justamente quando o país apresenta resultados negativos por dois períodos consecutivos. Na prática, isso significa que as pessoas estão produzindo e comprando menos.

Entenda a queda

A retração da economia resulta das quedas históricas de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional.

Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café, segundo o IBGE.

Na indústria, o recuo se deve às quedas de 17,5% na indústria de transformação, 5,7% na construção, 4,4% na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e 1,1% na extrativa.

Pelo lado da demanda, a maior queda foi no consumo das famílias (-12,5%), que representa 65% do PIB. O consumo do governo recuou 8,8% no segundo trimestre, muito por conta das quedas em saúde e educação públicas.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, disse Rebeca Palis.

Últimos resultados

O PIB do Brasil no ano passado foi de R$ 7,3 trilhões, uma alta de 1,1% em comparação com o ano anterior. Já no primeiro trimestre deste ano, o valor foi de R$ 1,803 trilhão.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que funciona como uma prévia do PIB, estimou um tombo de 10,94% no segundo trimestre deste ano. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) no último dia 14.