Brasil – A menina de 10 anos que engravidou depois de ser estuprada pelo tio passa bem após o procedimento que interrompeu sua gestação, realizado nesta segunda-feira. O aborto, legal, foi realizado no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros – Cisam, em Recife, Pernambuco. A direção do local informa que o procedimento foi encerrado às 11h desta segunda-feira (17) e ela está bem de saúde.

O juiz Antônio Moreira Fernandes, do Tribunal de Justiça do Espírito Santos, atendeu a um pedido do Ministério Público Estadual (MP-ES) no sábado (15) para permitir que a menina, vítima de abuso, pudesse realizar um aborto. Além de ser fruto de um estupro, a gravidez trazia risco de morte à criança, que desenvolveu diabetes gestacional.

Mas o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, no Espírito Santo, se recusou a fazer o aborto. A alegação é que a gestação já estava muito avançada, com 22 semanas. Com isso, a família foi obrigada a procurar um hospital em outro estado para conseguir interromper a gravidez.

A criança descobriu que estava grávida no último dia 7 de agosto, após ter dores abdominais. Ela contou à família que vinha sendo estuprada por um tio de 33 anos desde que tinha apenas 6 anos de idade. O homem está foragido. Órfã, ela mora com os avós em São Mateus, no norte do Espírito Santo.

Protestos pró e contra

A notícia de que a criança passaria pelo procedimento no Cisam atraiu manifestantes à porta do instituto no domingo. Primeiro, chegaram os ativistas contra aborto, que tentavam impedir a interrupção da gestação.

O protesto começou antes mesmo que a menina, acompanhada de sua avó, chegasse ao local. Ele foi convocado por redes sociais. Nelas, a ativista bolsonarista Sara “Winter” Geromini expôs o nome da vítima e seu endereço, o que é ilegal.

Por causa disso, avó e neta chegaram ao hospital no porta-malas do carro que as levou e tiveram que entrar escondidas, por uma porta lateral.

Depois, ativistas feministas foram ao Cisam defender o direito de a criança, vítima de abuso por quatro anos, abortar. No confronto, a defesa do direito que garota tinha de não levar adiante a gestação, resultado de um estupro, prevaleceu.