As autoridades libanesas informam que são pelo menos 185 mortos e 5 mil feridos, até o momento, em decorrência da explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, em uma região portuária da capital do Líbano, em Beirute, nesta terça-feira (4).

Não se sabe ainda se a causa da catástrofe está ligada a um ataque terrorista, gerenciamento incorreto do material ou outro tipo de acidente, o que deve ocorrer somente após a conclusão das investigações.  

Segundo informações do jornalista brasileiro, Tariq Saleh, o impacto da explosão chegou a ser sentido a cerca de 200 quilômetros da costa libanesa, na Ilha de Chipre, e ele sentiu o prédio do apartamento em que mora “sacudir”. Parte de seu escritório, que fica a 300 metros do local em que ocorreu o incidente, está destruído, bem como centenas de outros prédios e comércios da região. 

“Muita gente ainda está desaparecida. Na região do epicentro tem muita gente que foi jogada ao mar”, disse o brasileiro. Saleh disse também que o número de mortos ainda vai aumentar.

Nesta quarta-feira (5), diversos grupos de voluntários se organizaram para ajudar na limpeza dos escombros. “Os libaneses se organizaram de forma rápida para ajudar outras pessoas a limparem suas casas, assim como distribuir comida. Há uma rede de solidariedade que se organizou muito rápido pelas redes sociais, então as pessoas estão tentando ajudar como podem”, afirma Saleh, que caracterizou a rapidez dos libaneses como “surpreendente”. 

“Como é um país acostumado, no passado teve alguns conflitos, então as pessoas já criaram essa mentalidade de já imediatamente começar a limpar e a vida segue.”

As operações de resgate continuam a procurar feridos e pessoas desaparecidas, o que deve elevar o número de mortos. De acordo com a Cruz Vermelha, que atua na localidade, muitas pessoas foram jogadas no mar e outras estão presas nos escombros. Na região central de Beirute, onde ocorreu a explosão, moram cerca de 750 mil pessoas. No Líbano, vivem cerca de 7 milhões de pessoas.

Nas ruas, ainda há muitos escombros de rastros de vítimas. Jornalistas que cobrem guerras afirmam que nunca viram algo parecido. Países da Europa estão enviando ajuda para o Líbano. A França está enviando três aviões com equipe de resgate e um hospital móvel.

Segundo Michel Aoun, presidente do país, a capital deve declarar estado de emergência nas duas próximas semanas e caracterizou como “inaceitável” o armazenamento de 2.750 toneladas de nitrato de amônio por seis anos.

“Não vou descansar, como presidente, até encontrarmos o responsável pelo que aconteceu e até baixarmos sanções mais fortes porque é inaceitável haver um carregamento de 2.750 toneladas de nitrato de amônio em um armazém sem tomar precauções. Isso é inaceitável. Não se pode colocar a segurança dos país e da população em risco”, afirmou Aoun em coletiva de imprensa.