O economista e ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes afirmou que uma das razões que o fez pedir demissão da instituição é o fato de haver “muita gente com o rabo preso trocando proteção”. Na opinião dele, a cultura política de Brasília piorou muito ao longo do tempo, com início na reeleição de Fernando Henrique Cardoso.

Novaes insistiu que nenhum fato específico o levou à renúncia e que conversava sobre a saída com o ministro Paulo Guedes desde o mês passado. O economista citou, no entanto, a decisão do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas de impedir a propaganda digital do Banco do Brasil como “um dos maiores absurdos já ocorridos na administração pública federal”.

O TCU proibiu o banco de fazer anúncios em sites na internet que veiculem fake news, devido a um pedido do Ministério Público de Contas contra a interferência do vereador Carlos Bolsonaro na área de comunicação social da instituição financeira.

O ministro Dantas considerou “gravíssima” a acusação de que recursos do banco estariam sendo utilizados para financiar sites que se dedicam a produzir conteúdo falso. “É inconcebível que o aparato estatal seja utilizado com desvio de finalidade, em afronta a garantias constitucionais fundamentais, como o direito à livre manifestação do pensamento e à liberdade de imprensa.”

Novaes comentou também o pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes para que o Banco do Brasil e outras estatais enviem a relação de sites que receberam propaganda digital do governo: “Estão procurando cabelo em casca de ovo”, disse.

O ex-presidente não especificou qual será seu novo papel no governo, mas garantiu que continuará “ao lado de Paulo Guedes“.