O presidente Jair Bolsonaro irritado com traições do PSL, decidiu aumentar o espaço do Centrão no Poder Executivo e considera entregar mais cargos de primeiro escalão ao bloco informal no Congresso que reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita e é conhecido por se aliar a governos diferentes, independentemente da ideologia.

Em meio a pandemia o presidente avalia passar ao grupo político o comando do Ministério da Saúde e a liderança do Governo na Câmara. No último fim de semana, em conversa reservada, Bolsonaro disse a um aliado que pode fazer uma mudança em curto prazo na articulação política. Segundo um assessor palaciano, ele reafirmou a intenção na quarta, após a aprovação na Câmara da proposta que torna permanente o Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica no País.

Bolsonaro se irritou com a atitude de seis deputados bolsonaristas do PSL, que, mesmo com a mudança de posição do Governo, votaram no primeiro turno contra o Fundeb, expondo uma fragilidade na articulação do Planalto e passando a impressão de derrota. O antigo partido do presidente é também o do líder do Governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (GO).

Contrariado, Bolsonaro avalia acomodar Vitor Hugo, aliado de primeira hora, em uma autarquia federal e nomear o deputado Ricardo Barros (PP-PR) como líder do Governo. A expectativa é de que a troca seja feita no início de agosto.

A intenção do presidente é repetir o modelo adotado no Senado. Na Casa, a liderança já é exercida por uma sigla do Centrão, o MDB. E, na avaliação da cúpula do Governo, ela tem sido estratégica para garantir o apoio no bloco partidário. Com a mudança, Bolsonaro quer também garantir votos para futuras votações como as da reforma tributária.