Segundo dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública Manaus teve um aumento de 27,7% no número de mulheres vítimas de violência doméstica. Os dados são referentes ao primeiro semestre de 2020. Comparando o ano passado com este, o número de vítimas foi de 7.662 para 9.782.

Quando surgiram as primeiras medidas de isolamento social em março, cerca de 1.802 mulheres foram vítimas de violência doméstica. O número apresentou uma queda em abril, quando foram registradas 736 vítimas. No entanto, os meses de maio e junho – período de medidas mais rigorosas de isolamento – os casos voltam a subir.

A delegada Acácia Pacheco, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), afirma que no período de maio e junho, houve um aumento significativo, de 30% quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

Com o período da quarentena, recomendações para ficar em casa, aulas suspensas, empresas que suspenderam atividades, as circunstâncias levaram vítimas a ficarem dentro de casa com seus agressores.

“Na maioria dos casos, são pessoas [autor] envolvidas com álcool e drogas. Isso atormentava todos os problemas da família, pois muitos perderam o emprego. Então, o meio de subsistência ficou comprometido e junta a tensão, o medo, a pessoa se envolvendo com álcool, é um turbilhão de coisas, infelizmente para acontecer algo pior”, disse a delegada.

Segundo a delegada, inicialmente, os casos que chegaram até a delegacia eram de filhos que agrediam a mãe ou a irmã, durante o período de isolamento. Em seguida, os autores da violência que tem como vítima mulheres, são maridos, namorados e ex-namorados.

“O aumento dos crimes que estavam acontecendo de violência doméstica, o autor, era o filho, em relação à mãe, e às vezes, a irmã. O que a gente presume: a maioria das pessoas estavam dentro de casa, e esse filho, essa pessoa, sendo usuária de bebida alcoólica, droga, ia para rua e quando voltava, se deparava com familiares, principalmente a mãe, iniciava uma discussão, e essas brigas tinham ‘N’ vertentes, das mais leves até as mais graves”, contou.

Por conta da pandemia, a Polícia Civil do Amazonas adotou medidas e formas online de realizar boletins de ocorrência, começaram as campanhas via internet e atendimentos por telefone. A delegacia interativa estava e está registrando tudo o que acontece, para garantir as provas e a segurança das vítimas. Para facilitar o atendimento da mulher, uma nova atualização no site mostra um ícone específico, para “violência doméstica”.

Rede de apoio para mulheres e orientação

A delegacia de mulher conta com o Serviço de Apoio Emergencial a Mulher (SAPEM), que fica atrás da unidade, no Parque Dez, Zona Centro-sul, onde a vítima possui um apoio diferenciado, seja psicológico ou social.