Sérgio Moro ex-ministro da Justiça e Segurança Pública esteve na Justiça Federal, em Brasília, para depor na ação penal que apura a invasão de celulares de autoridades. O depoimento aconteceu nesta quarta-feira (08).
Moro teve o celular invadido por hackers em junho do ano passado, ainda como ministro da Justiça. Ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal, Moro disse que os hackers buscavam informações confidenciais.
“Fui atacado na condição de ministro da Justiça e Segurança Pública, seja para capturar mensagens do meu período de juiz federal ou na atuação de ministro da Justiça. Na condição de ministro da Justiça, atacado por hackers que provavelmente buscavam informações confidenciais, eu fiz a representação”, afirmou. Moro usava o aparelho invadido para realizar comunicações do governo. “Eu usava esse celular para assuntos de governo e ministério”, disse.
Moro afirmou que jamais influenciou as investigações da Polícia Federal. “Eu não tinha acesso ao inquérito. Era só um acompanhamento do andamento do trabalho. Além da posição de vítima, tinha essa situação envolvendo segurança nacional”, explicou. As atualizações eram “geralmente” informadas pelo então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.
Chamada de Operação Spoofing, as investigações são sobre a interceptação de mensagens de autoridades, como o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Sérgio Moro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os procuradores da Operação Lava-Jato.
Em julho do ano passado, a Polícia Federal prendeu quatro pessoas suspeitas da invasão dos celulares: Walter Delgatti Neto, Gustavo Souza, Danilo Marques e Suelen Priscilla de Oliveira. Em setembro, a Polícia Federal realizou uma nova fase da operação e prendeu mais dois suspeitos: Thiago Eliezer Martins dos Santos e Luiz Molição.
Em dezembro, a PF indiciou seis pessoas por organização criminosa e interceptação de comunicação pelo esquema de invasão de celulares. Os indiciados foram os seis presos nas duas primeiras fases da operação.
Em janeiro deste ano, o Ministério Público denunciou sete pessoas pela invasão dos celulares: os seis suspeitos e o jornalista Glenn Greenwald. De acordo com o MPF, Greenwald “auxiliou, orientou e incentivou” o grupo.
Em fevereiro de 2020, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, aceitou a denúncia contra os seis investigados e rejeitou “por ora” a denúncia contra Glenn Greenwald.