Sergio Moro ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, questiona a necessidade de haver forças-tarefa dedicadas a investigações e critica o procurador-geral da República , Augusto Aras. O ex-juiz federal classificou a atitude de tentativa de revisionismo da Operação Lava-Jato.

“Elas (forças-tarefa) são uma criação brasileira absolutamente necessária para se ter uma equipe de procuradores e policiais dedicados a investigar esses crimes mais complexos”, afirmou o ex-ministro em entrevista à colunista Eliane Cantanhêde e ao repórter Fausto Macedo no site do jornal Estadão. “Não entendo essa lógica do revisionismo, como se a Lava-Jato não representou algo extremamente positivo, que foi uma grande vitória contra a impunidade da grande corrupção. Quem ataca a Lava-Jato hoje eu sinceramente não entendo bem onde quer chegar”.

Procuradores federais e a cúpula da PGR entraram em choque recentemente após Aras determinar diligência para o compartilhamento de dados da Lava-Jato no Paraná, em São Paulo e no Rio. Em agosto, caberá a Aras, decidir se prorroga ou desfaz a força-tarefa da capital paranaense. A atual briga entre o comando da PGR e os grupos de trabalho resultou num pedido de investigação na corregedoria do órgão, depois que procuradores da Lava-Jato no Paraná se rebelaram contra um pedido por acesso a dados sigilosos da operação, feito pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo.

Para Moro, falta apoio da cúpula da PGR ao trabalho dos procuradores. “Tenho respeito ao Augusto Aras, seria importante que ele refletisse um pouco mais, ele e também a cúpula da Procuradoria. Ele tem que se somar a esses esforços das forças-tarefa da Lava-Jato e de demais forças que certamente terão que ser criadas”, afirmou. O ex-ministro disse acreditar que o presidente Jair Bolsonaro errou ao escolher Aras para o comando do MPF, já que ele não integrava a lista tríplice elaborada pelos integrantes do Ministério Público no ano passado.

“Acho que a Operação Lava-Jato não tem nada a esconder. Trabalhamos esses quatro anos, de 2014 a 2018, sob holofotes imensos da imprensa, da sociedade. Sofremos muitas críticas, críticas são normais, acho que muitas foram injustas. (…) O mundo político não gostava muito da Operação Lava-Jato em geral. (…) Mas os procedimentos sempre foram normais. Não entendo essa lógica do revisionismo, como se a Lava-Jato não representou algo extremamente positivo, que foi uma grande vitória contra a impunidade da grande corrupção. Quem ataca a Lava-Jato hoje eu sinceramente não entendo bem onde quer chegar.” desabafa Moro.