
Mundo – No melhor estilo dos regimes autocráticos, um nome ganha força no círculo do poder venezuelano: Nicolás Maduro Guerra, só conhecido como Nicolasito, também apelidado de Kim Jong-un tropical.
O filho único do ditador Nicolás Maduro vem sendo preparado para tornar-se seu herdeiro político e deverá sair candidato a deputado nas eleições legislativas anunciadas para dezembro e que a oposição promete boicotar.
Nicolasito tem credenciais acumuladas no berço chavista.
Segue o pai desde 2013, quando foi alçado à presidência como herdeiro político do mentor Hugo Chávez.
Alvo de sanções impostas pelos EUA, que o acusam de enriquecer ilegalmente e de fomentar propaganda e censura que beneficiam o regime, Nicolasito se consolida no poder.
Preside reuniões com generais e apresenta o próprio programa nas redes sociais, reproduzido pela emissora oficial VTV – o Maduro Guerra Live.
Príncipe maduro
Filho do primeiro casamento de Maduro, ele comporta-se como príncipe.
Quando as divisas estrangeiras eram restritas na Venezuela, foi filmado dançando num casamento sob uma chuva de dólares.
No auge da pandemia, com o país em quarentena rigorosa, teria celebrado os 30 anos com uma festança.
Os vizinhos reclamaram do barulho, mas acabaram presos o chefe da polícia de El Hatillo e mais dois agentes, que atenderam ao chamado e denunciaram publicamente a chamada “coronafesta”.
Com apenas 23 anos, assumiu um cargo especialmente desenhado para ele – o de chefe do Corpo de Inspetores Especiais da Presidência, uma espécie de czar anticorrupção.
Depois foi nomeado diretor da Escola Nacional de Cinema e atualmente é um dos 500 membros da Assembleia Constituinte, criada como poder paralelo ao Legislativo venezuelano, controlado por partidos opositores.
Apoiando a ditadura coreana
Na viagem que fez no ano passado à Coreia do Norte, Nicolasito esteve várias vezes com o ditador Kim Jong-un e exaltou o regime mais fechado do mundo, perpetuado desde 1948 na mesma dinastia.
Nepotismo e clientelismo se confundem na Venezuela.
Denúncias da ex-procuradora-geral Luisa Ortega, atualmente exilada na Colômbia, publicadas pelo site El Pitazo, vinculam o filho de Maduro a Santiago José Morón Hernández, sócio da construtora Cresmo C.A., que atuaria como seu laranja.
“Não poderíamos compreender o caráter da ditadura de Nicolás Maduro se não nos detivermos no peso e na incidência que os fatores familiares tiveram e têm no modo em que abusam do poder e das riquezas venezuelanas”, resumiu Miguel Henrique Otero, diretor-geral do jornal “El Nacional”.
Não por acaso, a nova presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Indira Alfonso, anunciou, repentinamente, que a composição do Parlamento será ampliada de 167 para 277 deputados.
O governo controla o órgão eleitoral, o Supremo Tribunal de Justiça, já interveio e inabilitou líderes da oposição.
Agora, Maduro confia ao filho os planos para consolidar a própria dinastia e eternizar-se no poder.