A primeira-dama de Tamandaré, Sarí Côrte Real, suspeita do homicídio culposo do menino Miguel Otávio, 5 anos, presta depoimento, na manhã desta segunda-feira (29), na Delegacia de Santo Amaro, no Recife. Hoje completa vinte e oito dias que o filho da trabalhadora doméstica Mirtes Renata, morreu ao cair do 9º andar do edifício.  

No dia da tragédia, Mirtes estava de serviço na casa de Sarí e deixou o filho aos cuidados da mulher enquanto levava os cachorros da empregadora para passear. O delegado responsável pelo caso, Ramon Teixeira, abriu a delegacia às 6h, duas horas antes do expediente oficial, para ouvir Sarí. A mãe de Miguel também foi à delegacia após descobrir que a ex-patroa está prestando depoimento. Ela permanece na frente da seccional segurando um retrato de Miguel.

“Ela está vindo hoje porque no primeiro dia que ela veio não falou nada. Eu sabia que ela viria hoje e estava planejando um protesto de 10h. Eu só fiquei sabendo que ela estava aqui de manhã porque vi na TV, na imprensa. O delegado antecipou a chegada dela aqui”, disse Mirtes.

Junto com a trabalhadora doméstica estavam duas irmãs dela, Fabiana e Erilurdes Souza. A trabalhadora doméstica acrescentou: “Acho isso um absurdo. Ela é uma pessoa qualquer, então deveria ter esperado a delegacia abrir em horário normal. Por que mais cedo? Por que esse privilégio? Ela não tem cargo político nem curso superior para ter esse privilégio. Fiquei surpreendida por ela ter chegado praticamente na madrugada.”

Relembre o caso

Miguel morreu ao despencar de uma altura de aproximadamente 35 metros, do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas e localizado no Bairro de São José, área central do Recife.

Chorando e procurando pela mãe, Miguel entrou no elevador do edifício duas vezes para buscá-la. Ele chegou a ser impedido pela primeira vez por Sarí, mas conseguiu se desvencilhar na segunda tentativa. Em vídeos de câmeras de segurança, a mulher aparece apertando botões e deixando o menino sozinho no elevador.

Como a patroa estava com a “guarda momentânea da criança”, ela foi parcialmente culpada pelo acidente, caso previsto no Art. 13 do Código penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção. Após ser presa em flagrante, pagou uma fiança de 20 mil reais e foi liberada. Ela está sendo investigada por homicídio culposo, onde não caberia intenção de causar a morte da vítima.