A projeção de variação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro revisada pelo Banco Central passou de zero (em relação ao PIB de 2019) para recuo de 6,4%. A estimativa foi publicada no RTI (Relatório Trimestral de Inflação), divulgado nesta 5ª feira (25.jun.2020).

A alteração da projeção está associada essencialmente ao avanço e à duração da pandemia da covid-19 , e com as medidas de isolamento a partir da 2ª quinzena de março, em todo o país.

Segundo o Banco Central a magnitude desses 2 fatores tem superado significativamente o que se esperava na data de corte do último relatório. A estimativa é de que o recuo no 2º trimestre será o maior observado desde 1996, início do atual Sistema de Contas Nacionais Trimestrais.

Contudo o órgão avalia a possibilidade da de recuperação gradual nos 2 últimos trimestres do ano, repercutindo diminuição paulatina e heterogênea do distanciamento social e de seus efeitos econômicos.

O Relatório Trimestral de Inflação indica ainda que a projeção de crescimento da agropecuária caiu de 2,9%, no último RI, para 1,2%. “Essa redução reflete menores expansões nos levantamentos para a safra de grãos e, principalmente, na estimativa para o desempenho da pecuária, em razão dos impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por proteínas”, justifica.

A previsão para a variação do setor industrial foi reduzida de -0,5% para -8,5%, com perspectiva de recuo em todas as atividades em função de efeitos do surto da covid-19.

A projeção para o desempenho da indústria de transformação passou de variação de -1,3% para -12,8%, motivada pela maior retração na demanda final, principalmente por bens de consumo duráveis e de capital, além da redução na oferta resultante das medidas de distanciamento social.

Em relação à produção da indústria extrativa, a variação estimada recuou de 2,4% para estabilidade, ante expectativa de menor demanda por minério de ferro e petróleo, em cenário de maior desaceleração mundial.

A construção deve apresentar retração de 6,7%, comparativamente à projeção de recuo de 0,5% feita em março, repercutindo comportamento de maior cautela das famílias e dos empresários do setor, além de diminuição no ritmo de algumas obras pela necessidade de adoção de protocolos especiais para prevenir contágio pelo novo coronavírus.

Estima-se ainda queda de 5,3% no setor terciário em 2020, ante estabilidade projetada em março.


Saiba as revisões em setores mais afetados por medidas de restrição de mobilidade:

  • comércio: de -0,7% para -10,8%;
  • transporte, armazenagem e correio: de -1,2% para -13,4%; e
  • outros serviços – que engloba atividades como alojamento, alimentação fora de casa e atividades artísticas: de -1,1% para -9,4%.