Depois de classificar como falsas duas publicações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Twitter adicionou, pela primeira vez, um aviso de “mídia manipulada” a um vídeo postado pelo líder americano nesta quinta-feira (18).

Trump publicou uma montagem com um vídeo em que dois bebês, um branco e um negro, correm para se abraçar. O trecho escolhido pelo presidente, entretanto, mostra a sequência do abraço, quando o bebê negro corre à frente do bebê branco e é seguido por ele.

Com uma trilha de suspense, a publicação traz os dizeres “Criança corre de bebê racista” e o logotipo da CNN, simulando um conteúdo jornalístico divulgado pela emissora americana. Depois de alguns segundos, a frase muda para “Bebê racista provavelmente é eleitor de Trump”.

Após a montagem, a publicação mostra o trecho do abraço, sem desvio de contexto, e exibe a frase “América não é o problema, notícias falsas são”.

Em resposta, a CNN publicou o link da reportagem em que conta a história do vídeo original, gravado em 2019 pelos pais das crianças. A emissora disse que fez a cobertura sobre o assunto da mesma forma que tem relatado as posições de Trump sobre questões raciais e os números das pesquisas eleitorais.

“Continuaremos trabalhando com fatos em vez de tuitar vídeos falsos que exploram crianças inocentes. Convidamos você [Trump] a fazer o mesmo. Melhore”, escreveu a emissora.

Até a manhã desta sexta-feira (19), o vídeo publicado por Trump teve mais de 15 milhões de visualizações, 183 mil compartilhamentos e 390 mil curtidas. O aviso do Twitter aparece abaixo da publicação, com um ponto de exclamação e as palavras “Mídia manipulada”.


As políticas da empresa proíbem o compartilhamento de vídeos, fotos ou áudios que “foram enganosamente alterados ou fabricados” para enganar os espectadores e têm o potencial de causar danos. Foi a primeira vez que o Twitter usou esse aviso específico em uma das postagens de Trump.

Essa não foi a primeira vez, entretanto, em que o Twitter coloca algum tipo de alerta nas publicações do presidente. Em 26 de maio, a rede social classificou como falsas duas publicações de Trump em que ele afirma que cédulas por correio resultariam em “eleições fraudadas”.
A decisão irritou o presidente, que chegou a fazer ameaças de fechar companhias como Twitter e Facebook. Dois dias depois, o líder americano assinou um decreto para reduzir proteções legais de empresas de tecnologia.

No dia seguinte, 29 de maio, quando o presidente chamou de “bandidos” os manifestantes que protestavam contra o racismo e a brutalidade policial após a morte de George Floyd e sugeriu o emprego de armas de fogo contra eles, o Twitter incluiu um aviso de que a mensagem promove a “glorificação da violência”.

Nesta quinta-feira (18), o Facebook retirou do ar publicações e propagandas da campanha de reeleição de Trump por violação das políticas da plataforma contra manifestações de ódio.

Os anúncios mostravam um triângulo invertido vermelho com um texto que pedia aos usuários da rede social que assinassem uma petição contra o Antifa, um movimento antifascista vagamente organizado.

Triângulos vermelhos eram usados pelos nazistas para identificar vítimas políticas nos campos de concentração que mataram mais de seis milhões de judeus. Os anúncios do Facebook foram veiculados em páginas pertencentes a Trump e ao vice-presidente dos EUA, Mike Pence. Também apareceram em propagandas e posts orgânicos na página Team Trump.