Do Metrópoles

A artesã Heloisa de Carvalho, filha do guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, contou em entrevista que a polícia teria chegado a Fabrício Queiroz, ex-assessor da família do presidente da República, Jair Bolsonaro, graças a uma investigação feita por ela e por um amigo. Ela disse ter obtido a informação do paradeiro de Queiroz por meio de amigos há cerca de um ano.

Por isso, nesta quinta-feira (18/06), Heloísa comemorou a prisão do assessor. “Estou muito feliz. Meu amigo trouxe duas caixas de suco de laranja para a gente comemorar. Eu sei que foi investigação minha. Falei para tanta gente e ninguém acreditou em mim. Agora, estou em êxtase”, disse Heloísa, em entrevista ao Metrópoles.

Heloísa, porém, não acredita na prisão de membros da família Bolsonaro a partir da prisão de Queiroz. Ela, no entanto, aponta que “muita podridão”pode vir à tona a partir de agora, inclusive uma eventual citação a seu pai em investigações.

“Eu duvido que essa gente acabe presa, mas que vai começar a vir um monte de podridão à tona, eu não tenho dúvida. Meu pai já deve estar sabendo mas, como sempre, ele deve passar pano para essa gente, do mesmo jeito que ele jura que a família Bolsonaro não é corrupta. Ele não vai falar nada de mim porque ele não fala meu nome há muito tempo. Até para não fazer propaganda de mim”, argumentou.

“Eu acredito que com essas investigações e mais a CPMI das Fake News, vão chegar nele [Olavo] e em todas as ligações que ele tem com esses alunos dele, com esse bando de empresas e gente no governo”, prosseguiu.

Segundo Heloisa, a primeira informação sobre o paradeiro de Queiroz foi de que o ex-assessor estava na casa no bairro Jardim dos Pinheiros, em Atibaia, cidade onde ela também mora. Este mesmo amigo também informou que seria o escritório de um advogado, informação que ela estranhou porque trata-se de um bairro essencialmente residencial.

A filha de Olavo de Carvalho então passou a buscar dados de escritórios de advogados na região. Foi quando encontrou o nome do advogado Frederick Wassef nos arquivos da Ordem dos Advogados do Brasil, encontrando o endereço de escritório no bairro.

Wassef defende o senador Flávio Bolsonaro no inquérito que apura o suporto esquema de rachadinha que teria vigorado em seu gabinete, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando ele era deputado estadual, com a participação de Queiroz. “Joguei o nome do advogado na OAB e achei esse endereço”. A partir daí, o que ocorreu, segundo Heloísa, foi uma grande coincidência.

“Quando vi, por imagens de satélite, percebi que a casa era de muro colado com a casa de uma amiga minha que faleceu. Eu cuido dessa casa. Eu estranhei por nunca ter visto movimento na casa vizinha. Eu cuido da casa dessa minha amiga e fiquei muito tempo fazendo bazar nessa casa e não tinha movimento. Soube dos dois caseiros que moravam lá”, destacou.

Por duas vezes, Heloísa arrumou uma desculpa para bater na porta do vizinho misterioso. “Fui lá para falar de uma cerca que eu ia fazer na casa da minha amiga e achei o comportamento dos caseiros muito estranho”, contou.

Ela conta que parou de investigar apenas quando quebrou a perna. “Eu fiquei sem carro, quebrei a perna e parei de investigar . Só que meu amigo tomou a decisão de investigar e ele denunciou para o MP. Ele fez a denúncia em meu nome e no dele e acho que foi assim que acabaram chegando lá”, contou.

Heloísa disse que por medo de represália, tem andando com seguranças.