Brasil – Foi pensando em olhar com mais atenção para a população isolada do arquipélago Marajó no Pará, que o programa Abrace o Marajó foi criado e incorporado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Nesta sexta-feira (12), o Navio Auxiliar Pará, da Marinha Brasileira, partiu da Base Naval de Val de Cães, em Belém, levando mais de 16 mil cestas básicas para serem distribuídas para famílias que estão cadastradas nos programas sociais do governo (CadÚnico) nas cidadezinhas de Afuá (38 mil habitantes) e Chaves.
As cestas foram montadas em São Paulo, numa parceria do ministério com a rede Carrefour e a Associação Paulista de Atacadistas e Supermercadistas (Apas).
“Marajó não será só uma ilha cercada de água por todos os lados, quando o navio auxiliar chegar até lá, ela será uma ilha cercada de solidariedade por todos os lados”, disse o comandante Robledo de Lemos Costa e Sá, do Grupamento de Patrulha Naval do Norte.
Navio da Esperança
Domingo, quando o velho catamarã – construído em 1982 – chegar até as cidadezinhas, ele será visto como o “Navio da Esperança” para milhares de famílias.
“São pessoas humildes, mas muito amigas. Elas aguardam a chegada do navio, até porque se nessa missão estamos levando cestas básicas, em outras, houve atendimento médico e odontológico dentro do navio. Aqui se faz mamografia, exames e há até farmácia para retirada dos medicamentos prescritos”, disse o comandante do Navio Auxiliar Pará, Ribeiro Costa, que já foi quatro vezes à cidade de Afuá.
Municípios esquecidos
Para quem mora nos municípios da parte oriental da Ilha de Marajó, mais próxima de Belém, a viagem é, relativamente rápida. Há duas empresas que fazem a operação do terminal hidroviário da capital paraense até a Ilha de Marajó via balsas, em três horas e meia. Para quem tem mais condições, é possível embarcar num catamarã expresso, que faz a mesma viagem em duas horas.
Porém, há vários municípios ribeirinhos, mais distantes de Belém, que acabam ficando mais esquecidos. Estão longe do movimento de turistas e longe dos recursos que essa atividade econômica propicia.
É o caso de Melgaço, cidade de 26 mil habitantes às margens do Rio Tajapuru, que tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os mais de 5,6 mil municípios do país. “São oito cidades da Ilha de Marajó que estão entre os 50 piores IDHs do Brasil”, disse Marisa Romão.
Em outros municípios, como Chaves, de 23 mil habitantes – um vilarejo cercado por uma praia de areia amarela e água doce -, sequer há uma agência lotérica para os moradores sacarem o dinheiro do Bolsa Família ou do auxílio emergencial do governo.