Manaus – O Amazonas tem vivido um colapso na saúde do estado devido a pandemia do Covid-19 que já fez 10.727 vítimas que testaram positivo para o vírus. Uma das maiores dificuldades do estado é a falta de recursos, principalmente o dinheiro desviado da saúde pela ‘Maus Caminhos, estima-se que o valor ultrapasse os R$ 100 milhões. Também ajudaria a salvar muitas vidas às obras superfaturadas da Arena da Amazônia e da Ponte Phelippe Daou, que teve muito recursos desviados.

A operação Maus Caminhos é uma velha conhecida de todo amazonense. Um grupo criminoso que desviava recursos públicos por meio de contratos milionários firmados com o governo do Estado do Amazonas foi desarticulado por meio da operação Maus Caminhos, em 2016. Secretários do governo foram condenados e o ex-governador José Melo foi cassado por participação. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o roubo que pode ultrapassar os R$ 100 milhões deixou graves problemas no sistema de saúde e o estado que mesmo depois de quatro anos, ainda tenta se recuperar da lacuna deixada pelo desvio dos recursos.

A Arena da Amazônia pode ser citada como uma das maiores obras do estado que teve desvio nos valores. A princípio a obra foi orçada no valor de  R$ 499 milhões, mas terminou em R$ 605 milhões. 50% foi financiada com o dinheiro público e R$ 388,1 milhões através de financiamento pelo BNDES. A obra do estádio construído para receber quatro jogos da Copa do Mundo de 2014, foi citada por dos delatores da Odebrecht como sendo uma obra superfatura.

Em 2012, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou superfaturamento de R$ 86,5 milhões na construção. A Arena hoje mesmo com todos os esforços de movimentar para gerar receita para pagar os custos o local, ainda gera o prejuízo anual de R$ 8,5 milhões.

Outra obra que custou o dobro do previsto foi a Ponte Phelippe Daou, que ficou conhecida como a ‘Ponte do Bilhão’ que custou mais de R$ 1 bilhão de reais no final da construção. A ponte foi orçada a princípio no valor de R$ 574 milhões, mas recebeu aditivos com valores absurdos. Às vésperas da inauguração da Ponte em 2011, o Ministério Público Federal entrou com um pedido de liminar para impedir a liberação da obra. O MPF alegou que o Estado não cumpriu os compromissos assumidos em Termo de Conciliação firmado em 2009 com a Advocacia Geral da União (AGU).

Do total de recursos aplicados, R$ 586 milhões foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 513 milhões do Governo do Amazonas. A obra principal foi executada pela construtora Camargo Correa.

Tanto dinheiro desviado de apenas duas obras e mais um grupo criminoso que foi descoberto, que hoje faz falta para a compra de mais respiradores e medicamentos para combater o coronavírus. O governo do Estado hoje enfrenta umas das piores crises que o Amazonas já viveu e têm empenhando todo seu esforço para diminuir a curva de transmissão do covid-19.